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Preconceitos dentro do Movimento LGBT+

  • George de Abreu e Manuella de Cantuária Bório
  • 14 de nov. de 2017
  • 5 min de leitura

Infelizmente, podemos ver diariamente de muitas maneiras distintas, o preconceito vindo de vários meios e pessoas contras os LGBT+ ; a LGBTfobia. Porém, mais triste ainda, o preconceito dentro da própria comunidade LGBT+.


"Sou gay mas sou homem, não gosto de afeminados", "Uma coisa é ser gay, outra coisa é ser bicha" ... Quem nunca ouviu uma frase assim ou algo parecido? E pior ainda, algumas vezes essas frases partem dos próprios membros da comunidade LGBT+. São frases carregadas de um preconceito incrível, como se gays afeminados ou "bichas" fossem pessoas ruins ou erradas por serem assim. Nas mídias, vemos programações voltadas ao público LGBT+ alimentando um estereótipo de homossexual branco, sarado que adora baladas e divas pop. Mas pera aí, os LGBT+ são assim mesmo?


A sociedade sempre procura e afirma estereótipos de tudo, sempre para o lado mais triste.


No mundo atual, na sociedade dos Smartphones, é muito comum nos aplicativos de relacionamento, a conversa entre dois gays, ser iniciada com: 'Você é afeminado?'. Quando o outro diz sim, ouve imediatamente respostas como: ''Desculpa, cara, mas eu sou discreto.''

Em entrevista ao Trip Tv, a cantora Pabllo Vittar afirmou “As afeminadas são as que ficam no pelotão de frente, são as que recebem o primeiro tapa e a maior carga de preconceito da sociedade”.

Pois quando um LGBT+ age com preconceito em cima de um gay afeminado, ele não está somente desrespeitando o outro como também reforçando a ideia de que um homem possuir características consideradas femininas pela nossa sociedade é algo ruim. Isso está ligado também ao machismo, à ideia de que a mulher é inferior e o homem superior e aquele homem que atribui para si comportamentos considerados "de mulher" está se rebaixando e deixando seu posto de superioridade masculina.


A página do Facebook Sou/Curto Afeminados traz posts empoderadores e de desconstrução para o combate a esse tipo de preconceito.


Além desse caso, há também o de brancos e negros em casas noturnas, que é uma questão bastante pertinente. É preciso entender que quando não há respeito, há preconceito. Nos Estados Unidos e aqui no Brasil, há um grande descaso de donos de casas noturnas com a clientela negra, desde os anúncios que não representam pessoas negras, até situações de racismo que passam impunes. As ofertas de representação da comunidade negra nas festas também são mínimas.

Um exemplo bem claro é o de Darryl DePiano, dono do bar ICandy no estado americano da Philadelphia, que foi flagrado chamando seus clientes de “niggers”, uma palavra racista em inglês.


Existem dois discursos, mais frequentes, extremamente Bifóbicos dentro da comunidade:


1- A Bissexualidade não existe, é uma desculpa de gente enrustida, confusa.


2- Bissexualidade é uma desculpa para a pessoa atirar para todos os lados e ser promíscua.


É preciso entender que a bissexualidade é, sim, uma orientação sexual que existe e que não quer dizer poligamia, necessariamente. Além disso, até hoje, é muito pouco falada e discutida. Muitos grupos não aceitam essas pessoas como parte do universo LGBT+ e o preconceito é muito grande por ainda “se relacionarem como heterossexuais”.

''Maria Sapatão,Sapatão, Sapatão,De dia é Maria,De noite é João..."


A expressão é uma marchinha de Carnaval que faz no imaginário social. Dentro da própria comunidade LGBT+, as lésbica sofrem preconceito, ele se dá com as lésbicas mais masculinas, "caminhoneiras'' da mesma forma que existe com os gays afeminados. Além da hipersexualização da mulher lésbica, ocorrem exclusões e atitudes com intenção de inferiorizar essa orientação sexual.


Por seu estilo exagerado, outra grande fonte de preconceito é da comunidade com as Drag queens. Um acontecimento, infelizmente comum em baladas com presença de drags, é arrancarem suas perucas, acabando com todo essa mágica criada por elas.


Seria o preconceito com as drags causado por inveja de seu empoderamento? Ou machismo?


Outra grande fonte de preconceito, sao os transgêneros, muito desse processo de invisibilidade se dá pelo fato de que muita gente, envolvida ou não no meio LGBT, ainda não faz a distinção entre identidade de gênero e orientação sexual. “As pessoas hoje em dia ainda tratam transexuais e transgêneros como ‘a sapatão que virou homem’ e ‘o viado que virou mulher’, só que identidade de gênero não se resume a homem e mulher e muito menos à heteronormatividade. É muito difícil as pessoas entenderem que ninguém vira nada por causa de orientação sexual”, explica Behael Santana, que é homem trans androssexual, ou seja, sente-se atraído pelo masculino e suas representações, não necessariamente por homens em geral.


Outro fator, é a falta de presença no movimento, um exemplo ótimo disso é a Parada do Orgulho LGBT, mais conhecida como Parada Gay. Parece que todo mundo que está ali é gay, que todo o resto da sigla LGBT é algo ‘variante’ de gays, eles se sentem sem voz no movimento. Infelizmente, até hoje ainda existe a luta pela visibilidade trans, algo que já existia desde os anos 70, após a revolta de Stonewall, houve o Movimento de Libertação Gay em Nova Iorque, nessa época, a ativista Sylvia Rivera, lutou para aceitação no movimento gay e lésbico e a inclusão das pessoas transgênero nas organizações e lutas pelos direitos civis existentes.



Se tem algo com o que a comunidade gay está muito antenada são os padrões de beleza. Chega a ser um paradoxo a comunidade lutar pela liberdade de ser quem se quiser, com a bandeira queer, mas ser tão gordofóbica.


E isso é comprovado cientificamente; um estudo publicado na revista científica Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity pontua que a comunidade LGBT+ masculina tende a desprezar homens acima do peso e, na maioria das vezes, quando recebem uma cantada dessas pessoas, respondem de forma rude e grosseira.


Viva os ursos!

Quadro Melancholia, de 1989, de Botero

E um dia todos teremos mais idade, e quanto mais passa o tempo, parece que os mais novos acham isso engraçado. A chacota com o tiozão da balada, ou os foras mal educados na paquera quando descobrem a idade do outro são alguns exemplos de como precisamos evoluir neste quesito. Diversidade inclui também se misturar com pessoas de idades diferentes.


Homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis e bissexuais com deficiência sofrem com duplo preconceito. O filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho,2014 retrata uma parcela disso; do bullying com o “viadinho cego” e outros nomes que os preconceituosos usam. Você sabia que existe uma parcela bem grande de LGBT+ dentro da comunidade de surdos no Brasil?


Provavelmente, não. Isso porque eles não encontram representatividade nem dentro das organizações que lutam por nossos direitos, muito menos encontram inclusão e acessibilidade em campanhas e políticas públicas, ou nos locais de convivência.


Em briga de marido e mulher, não se mete a colher. E em briga de marido e marido e esposa e mais um marido? A resposta é a mesma. Por que você precisa ter uma opinião sobre o relacionamento da outra pessoa? Os relacionamentos poligâmicos são uma realidade entre a comunidade LGBT e não cabe a ninguém, a não ser os envolvidos, decidir se está dando certo ou não. Ainda, julgar o que o outro faz ou deixa de fazer não combina em nada com a liberdade que tanto buscamos.


É sempre bom refletir sobre determinados pensamentos que possuímos e medir nossas ações, às vezes aquilo que nós consideramos apenas como gostos e comportamentos comuns nossos na verdade são sentimentos altamente preconceituosos e carregados de uma pesada discriminação social baseada em sentimentos opressivos como machismo, homofobia, etc. E acreditar que não existe preconceito dentro da comunidade LGBT+ é fechar os olhos para uma realidade bem escancarada em nossa frente. Vamos nos questionar e fazer uma revisão mental e ver se nós não reproduzimos esses preconceitos. Não podemos nos separar, temos que estar unidos sempre!

Estamos juntos!


Referencias:

  • http://igay.ig.com.br/2014-04-29/gays-criticam-preconceito-dos-proprios-lgbts-sou-afeminado-sim.html

  • http://revistaladoa.com.br/2017/02/noticias/preconceito-lgtbs-contra-os-proprios-lgbts-em-10-exemplos#ixzz4uxgSebkM

  • https://www.significados.com.br/estereotipo/

  • http://igay.ig.com.br/2013-12-17/ele-e-mais-velho-casais-gays-com-diferencas-de-idade-de-ate-48-anos.html

  • http://lovandpop.blogspot.com.br/2015/08/preconceito-e-estereotipacao-no-mundo.html

  • http://revistaladoa.com.br/2017/08/noticias/marsha-p-johnson-sylvia-rivera-ativistas-lgbt-que-por-pouco-nao-cairam-no

  • https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-invisibilidade-dos-homens-trans-na-bandeira-colorida-1921.html

  • http://www.esquerda.net/artigo/sylvia-rivera-ela-foi-mais-do-que-stonewall/41234


Foto Capa:

https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/2015/06/08/7jun2015---a-modelo-transexual-viviany-beleboni-participa-da-19-parada-do-orgulho-lgbt-lesbicas-gays-bissexuais-travestis-e-transexuais-de-sao-paulo-neste-domingo-caracterizada-como-jesus-cristo-1433798663456_615x300.jpg


Foto 1:

https://popxpresso.files.wordpress.com/2015/05/adrian1.jpg?w=809


Foto 2:

https://abrilveja.files.wordpress.com/2017/08/3.jpg?quality=70&strip=info&w=1000&h=666&crop=1


Foto 3:

https://4.bp.blogspot.com/-DNjkBpgvZHI/Vgywvmt9QvI/AAAAAAAAM3A/BOcqDwTJ23o/s1600/mulheres%2Bbissexual%2BCarol%2BRossetti.jpg


Foto 4:

http://blogueirasnegras.org/tag/lesbicas/


Foto 5:

http://reporterunesp.jor.br/wp-content/uploads/2015/06/image-0001-768x543.jpg


Foto 6:

https://botadentro.files.wordpress.com/2016/05/img_1470.jpg


Foto 7:

http://igay.ig.com.br/2013-12-17/ele-e-mais-velho-casais-gays-com-diferencas-de-idade-de-ate-48-anos.html


Foto 8:

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/2/21/Hoje_Eu_Quero_Voltar_Sozinho_p%C3%B4ster.jpg

 
 
 

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