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LGBTs negros

  • Lucas Rodrigues de Barros e Juliana Reis
  • 20 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

Não há dúvidas quando falamos sobre a desigualdade de direitos e deveres existente numa mesma sociedade. Se você for mulher, um homem andando logo atrás de você numa rua deserta vai representar imediatamente perigo; Se você for uma pessoa negra, suas chances de morte ainda jovens são altíssimas; Se você for homossexual, talvez não consiga demonstrar afeto em público sem ser hostilizado; Por fim, se você for uma pessoa trans, sua idade média será de 35 anos.


As afirmações acima podem parecer um tanto quanto alarmistas, mas são dados comprovados estatisticamente. Estar dentro de uma minoria referente aos direitos básicos te torna alvo de uma série de preconceitos e situações graves, impedindo seu direito de existir e ter uma vida plena em sociedade.


Agora, imagine ser um indivíduo que se enquadre em duas dessas minorias de direitos e o quão problemático é viver nessa intersecção. Não, não é um discurso vitimista ou mais um “mimimi” do século XXI, o fato é que, estar dentro de duas minorias de direitos te torna mais propenso a sofrer os estigmas causados pelo preconceito e ignorância te impedindo consequentemente, de ter acesso aos direitos e deveres básicos.

Ao se perceber a intersecção entre a população negra e a população LGBT+ é possível observar as nuances negativas que assolam a vida de uma pessoa negra e LGBT+. Vale ressaltar, antes de mais nada, que esses indivíduos vivem dificuldades até mesmo dentro do movimento: ser LGBT+ não impede de sofrer preconceito racial e ser negro não impede de sofrer homofobia ou transfobia.

Uma mulher negra lésbica carrega consigo a intersecção de três grupos, ou seja, as nuances negativas de seus problemas são ainda mais profundas. Ser uma mulher negra te enquadra, no ato, em dois estereótipos: o da mulher negra louca, que grita, que briga, a tal “nega maluca” ou o da mulher negra hipersexualizada, a tal “mulata assanhada que samba”. Além desses estereótipos, mulheres negras estão fadadas aos subempregos, baixa escolaridade e abandono familiar, tanto da família de origem como também da família que constituiu depois de se tornar mãe. Ao ainda se enquadrar fora dos padrões heteronormativos e sentir interesse em alguém do mesmo sexo, essa mulher negra lésbica vai viver ainda as dificuldades da lesbofobia, da aceitação familiar e pessoal.

Um homem negro gay, por sua vez, carrega a intersecção de dois grupos. Ao homem negro está vinculado o estereótipo de virilidade, masculinidade exacerbada, do grande falo e consequentemente sua hipersexualização. Quando homem negro e gay, sua vida ainda perpassa ainda pela homofobia.


Às pessoas negras, no geral, se é negado o direito ao sentimento. São pessoas que não podem pensar e nem ter afeto, receber e dar amor. As relações, devido à escravidão, estão ligadas a força do trabalho enquanto que na vida afetiva\amorosa\sexual são vistas como hipersexuais e só. Dessas pessoas foi esvaziado seu traço humano, fazendo perdurar até hoje, preconceito e estigmas.


Dentro do movimento LGBT+, por exemplo, as pessoas negras encaram diversos preconceitos. Um homem negro e gay geralmente é visto como o ativo, como “o homem” da relação, enquanto o homem negro gay afeminado exerce o papel de doido, sendo sempre ligado ao estereótipo da “nega maluca”, tendo assim, suas relações amorosas às escondidas, somente ligadas aos fetiches e à negação do amor.


Em contrapartida, ser uma pessoa LGBT+ dentro do movimento negro, confere aspectos específicos. Ser um homem gay negro é negar a virilidade e a força atribuídas pela sua cor de pele, enfrentando negação familiar e da sociedade em geral, que já possui um papel específico pra você exercer.


A solidão e as chagas de ser uma pessoa negra LGBT+ negra foram representadas nos filmes “Pariah” e “Moonlight”, tendo este último ganhado o oscar de melhor filme de 2017.

Ainda se tratando das pessoas negras LGBT+ é preciso olhar também àquelas com a identidade de gênero que difere com o órgão genital com o qual nasceram. Pessoas trans negras estão completamente apagadas, seja por outros LGBT+, seja por outros negros. Uma mulher trans negra ou um homem trans negro estão muito longe de um olhar afetivo, psicológico e de entendimento sobre sua disforia, acarretando na marginalização e exclusão social.


Apesar desse panorama negativo, a ocupação de diferentes espaços de emprego assim como a apropriação do mercado (que também deve ser sempre questionada) é uma forma de dar visibilidade. Hoje o meio musical, por exemplo, traz uma leva de artistas que cantam e resistem pela cor de sua pele, orientação sexual e identidade de gênero; MC Linn da Quebrada, Raquel Virgínia da banda “As Bahias e a Cozinha Mineira”, Rico Da Lasam, Liniker, Tássia Reis, Mart’nália (já conhecida), entre outras figuras, são representantes ativas tanto por serem negras quanto por serem LGBT+.

Por fim, a realidade de negros e negras dentro do movimento LGBT+ precisa ser encarada de forma empática por aqueles que não a vivenciam e vice-versa. Para que isso ocorra, é preciso um recorte dentro do mesmo para, através da visibilidade, entender as reais necessidades e pautas. É necessária uma maior representatividade e a não objetificação das pessoas negras LGBT+



Referências


Negros e LGBTs lutam em busca de respeito e mais espaço no mercado de trabalho local

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2017/08/07/internas_economia,716508/em-busca-de-diversidade-e-insercao.shtml


Governo federal lança linha de apoio para LGBTs negros


https://observatoriog.bol.uol.com.br/noticias/2017/07/governo-federal-lanca-linha-de-apoio-para-lgbts-negros

Negros e LGBTs: Nossa Luta é Contra o Sistema!

https://juntos.org.br/2015/02/negros-e-lgbts-nossa-luta-e-contra-o-sistema/


O que vive um LGBT Negro no Brasil

https://unipautas.uniritter.edu.br/?p=1488


Dados assustadores comprovam: Brasil é o país que mais mata negros e LGBTs


http://www.superpride.com.br/2016/10/dados-assustadores-comprovam-brasil-e-o-pais-que-mais-mata-negros-e-lgbts-no-mundo.html


Referências das imagens


https://vamoscontextualizar.wordpress.com/2016/07/08/brasil-o-pais-que-mata-pobre-negro-e-lgbt/


https://www.ceert.org.br/noticias/direitos-humanos/6646/filmes-lgbt-com-protagonistas-negros


http://www.sleek-mag.com/2017/05/18/charlotte-jansen-girl-on-girl-art-photography-age-of-the-female-gaze/

http://www.leoncarrington.com/moonlight-wins-best-picture/

https://thevagabondensemble.wordpress.com/2012/10/11/pariah-2011-and-lgbtq-cinema/

 
 
 

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